"Geração 7 a 1"

Mineirão, oito de julho de 2014. Fim de jogo.
O sonho do país do futebol conquistar o Hexa como anfitrião tornou-se um pesadelo. A seleção canarinho havia sofrido a maior goleada em seus 100 anos de história. Em uma Copa do Mundo. E diante de sua torcida. Um cenário trágico!
Mas o pior estava por vir. Refiro-me às reações ao fatídico episódio. Claro que, momentaneamente, o mundo do futebol se manifestou ao fato inédito: gozações dos rivais sulamericanos, incredulidade diante do elástico placar e dúvidas sobre o futuro da mais prestigiada e vitoriosa escola de futebol do planeta. Até ai, tudo bem.
Porém, com o arrastar dos dias, o que se viu em nosso país foi um verdadeiro "caça às bruxas". Triste. Lamentável. Merecedor de uma reflexão.
Não me refiro aos torcedores. Nós somos apaixonados, imediatistas, esbravejamos e vangloriamos um jogador do nosso time de coração dentro de uma mesma partida. Ídolo ou vilão: significados tão divergentes, de desfechos tão próximos. Centímetros determinam se a bola vai bater na trave e... sair ou entrar. Somos passionais.
Diferentemente da imprensa. São assalariados, estudados (deveriam ser), tem um microfone nas mãos, influenciam milhões de pessoas e, por isso, precisam ser responsáveis em suas opiniões. Não foram, em sua maioria. Jogadores e Comissão Técnica foram avacalhados, humilhados, julgados e sentenciados como imprestáveis em "praça pública". Estavam eles (jornalistas) certos? Não! Nem em suas atitudes danosas e covardes, e nem mesmo em sua medíocre análise futebolística.
Ah, o tempo.. o senhor da razão. Três anos e meio depois, às vésperas de mais um Copa do Mundo, vejamos o que mundo da bola, incluindo a desabonada imprensa nacional, relata de alguns dos personagens brasileiros presentes no 7 a 1:
Marcelo - Multicampeão pelo Real Madrid, considerado um dos melhores laterais do mundo;
Fernandinho - Titular absoluto do Manchester City, peça fundamental do vistoso futebol jogado pelo invicto time de Guardiola;
Paulinho - Titular absoluto do Barcelona, um dos principais pilares da Seleção Brasileira montada pelo intocável Tite;
Willian - Titular, campeão e prestigiado no Chelsea, em um dos campeonatos mais difíceis do mundo;
Fred - Prestigiado no futebol nacional, continua sendo alvo de grandes transações e salários, sendo um dos maiores centroavantes goleadores em atividade no futebol brasileiro;
Jô - Um dos casos mais emblemáticos, campeão e eleito melhor jogador do campeonato brasileiro, engrandecido pela imprensa imediatista;
Thiago Silva - Titular e um dos líderes do milionário PSG, prestigiado na Europa, pergunte aos grandes europeus se não o querem no time;
Oscar - Apesar de estar no mercado chinês, financeiramente falando, foi um dos jogadores mais valorizados, chegando a ganhar em 2016, o terceiro maior salário de jogador do planeta;
Pronto. Citei quase metade do elenco! Mas não estavam todos acabados?
Por fim, o mestre Luis Felipe Scolari: um dos treinadores mais vencedores da história do futebol nacional; assumiu uma seleção desacreditada e quase fora da Copa de 2002, sendo Campeão Mundial invicto e grande responsável pelo renascimento do Fenômeno. Ingratidão e memória curta, duas características peculiares do torcedor brasileiro, forjada pela imprensa tupiniquim.
Críticas e fracassos fazem parte da vida de qualquer profissional, mas dois pontos são fundamentais: respeito pela história e segunda chance. Todos merecemos e precisamos disso um dia.

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